No final de março de 2012, diante das contas finais para o casamento, dos gastos de última hora, dos novos desejos de ter um ou outro mimo, dos gastos com a obra da casa, enfim, Dê e eu fizemos as contas e se a gente não cortasse algumas coisas teríamos que cortar os pulsos.
Como eu, noiva sonhadora, não queria cortar nada, muito menos meus pulsos, decidi procurar um "patrocino". Ou melhor, um "paitrocinio": me enchi de coragem e pedi dinheiro ao meu pai. Eu queria algo que girasse em torno dos cinco dígitos, mas o que ele me desse tava bom. E não seria dado, se ele torcesse o nariz, mas emprestado.
Acontece que eu nunca, nunca em minha vida inteira, pedi dinheiro pro meu pai. Nunca, juro. Ele se separou da minha mãe quando eu tinha nove anos e, por orgulho, nunca pedi. Com minha mãe sempre fui sem vergonha nesse aspecto, mas com meu pai não. E aí, nessa altura da vida, diante do meu casamento, imagine o constrangimento...
Foi um dos piores momentos da minha vida, desses que a gente não gosta de lembrar de tanta vergonha.
É lógico que ele negou, com todo jeito, se justificando. E eu me senti muito mal, mas não por ele ter negado, mas por eu ter pedido.
E esse fim de semana vivi o lado oposto da situação. E eu neguei. Não só porque não tenho dinheiro mesmo, mas porque aprendi com aquela situação toda com meu pai que dinheiro para casar é coisa que não se pede.
O casal deve ter um nível de maturidade emocional e econômica para dar esse passo. Lembro do meu irmão falando quando eu estava inventando mil coisas para comprar pro casamento e depois me enrolei: "A gente poe a mão aonde alcança". Estou aprendendo a por a mão onde eu alcanço e está sendo bom para nossa independência, para a gente aprender a se virar com os perrengues da vida. Senão, como seria se eu, toda vez que pinta uma dificuldade, fosse correr pro colo da mamãe? Viveremos para sempre com um pirex na mão? Veremos nossos parentes como financeiras de empréstimo?
Muitos casais se divorciam por causa dos problemas que questões financeiras trazem, é preciso organizar as finanças não só para pagar os docinhos, mas para sustentar um lar, sonhos, uma família.
Hoje agradeço o fato do meu pai ter me negado ajuda financeira naquele momento. Amadurecemos um pouco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário