terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Entrando na igreja


Casei - Parte I

Fui envolvida de uma forma absurda pelo som da Ave Maria de Gonoud. O som do violino, do piano e da voz do meu irmão, que mesmo emocionado, conseguiu cantar minha Ave Maria preferida para eu entrar na igreja. Meus pais, lado a lado comigo, me conduziram nave a dentro. 
Como a igreja estava linda! Todos de pé, sorrindo pra mim!
Não chorei. Mas minhas bochechas doíam de tanto sorrir.
Olhava para tudo e todos, como se quisesse ter mil olhos para registrar cada detalhe, cada sorriso, cada lágrima, cada "Tá linda!". Tios, amigos, colegas de trabalho, madrinha... As pétalas na passadeira branca, a pequena dificuldade em meus pais passarem sem derrubarem os arranjos. E chutava o vestido e pisava, chutava o vestido e pisava.
Até que eu olhei para o Dê, do meio da igreja. E meus olhos foram só dele.
Quando ele viu que meus olhos encontraram os dele, ele não chorou. Ele só sorriu. Um sorriso tímido, que antes franze o cenho, coisa que só ele consegue fazer.
E chegar até ele parecia uma eternidade e, ao mesmo tempo, pareceu um segundo.
Mesmo sem ensaio fizemos tudo direitinho: paramos aos pés da escada, ele desceu para me receber. Primeiro cumprimentou minha mãe, depois meu pai que, para minha frustração, nada disse. Só sorriu e bateu a mão no ombro do Dê. Meus pais foram para seus lugares e eu queria ver meu irmão, mas foi tudo muito rápido.
Dê parou diante de mim e levantou meu véu. Eu levantei meu queixo para que ele me beijasse na boca, mas na hora lembrei que não era ainda a hora do beijo. Ri e abaixei a cabeça rápido, dando a testa pra ele beijar. E ele riu também.
De braços dados e com cuidado (para não tropeçar no vestido), subimos os degraus. Olhei para o lado para ver meu irmão, mas ele já havia se sentado. No posicionamos e o Pe Marcos deu início à celebração.











(Fotos: Neumanns)

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