quinta-feira, 5 de maio de 2016

Oferecendo meu buquê

Pulei esse post aqui! Como pude esquecer dele?

Quinze dias após o nosso casamento, fomos para Minas, para casa da minha sogra. Mas fizemos uma parada num local muito especial.
Peguei o endereço com meu tio e vários pontos de referência, então fomos para Areal, onde minha avó repousa em paz.
Fui oferecer meu buquê para ela, em sinal de agradecimento por tudo o que ela fez por mim, em sinal do meu amor por ela e da minha saudade, por ela não ter estado em corpo no meu casamento, mas eu sei que o espírito dela estava lá.
Só de pensar em fazer isso, só de pensar na cena, eu já chorava. E o que tinha tudo para ser um momento muito choroso foi divertido e atrapalhado. Como tinha que ser.

Nem me perdi para pegar a estrada, perto do posto do Concha da Lua. Fui guiando e rezando para não atolar. Chegando ao descampado perto da casa dos meus parentes, não reconheci nenhum dos carinhas que estavam ali, com pose de "essa área aqui é minha". Perguntei sobre meu tio e eles disseram que não estava em casa. Putz! Eu não ia esperar e nem voltar outro dia...
Resolvi subir para o cemitério, que é particular. Só que carro não sobe, de tanto barro. Lembro do enterro da minha avó, meu irmão, tios e primos carregando caixão morro acima por uns dois quilômetros...
No meio do caminho havia um cachorro. Havia um cachorro no meio do caminho. E o cachorro resolveu correr atrás de mim morro acima!!!
Depois de um pega de cachorro por cem metros, Dê e eu paramos para respirar e rir. Continuamos.
E depois disso tudo, o portão estava trancado. Com cadeado e tudo!
- Ah, não! Não passei por tudo isso à toa, não! Vou pular esse muro!
E pulei o muro do cemitério.

Me ralei, quase rasguei minha calça porque me assustei com uma aranha, quase virei o pé quando desci, mas consegui. Dê me passou a caixa do buquê pelo portão e ficou lá longe me esperando.
E só tinha nós dois lá.
E daí que eu não lembrava qual era o túmulo da minha avó!
Fui no achômetro e no que eu lembrava do dia do enterro, por eliminação, e me ajoelhei diante. Conversei um pouco com ela e pus o buquê. Mas eu estava tão pilhada que nem dava para ter uma conversa mais relax com ela. Acho que ela entendeu por eu não ter ficado muito tempo. Guardei a fita do buquê, duas flores e me despedi. Depois pus as flores e a fita num potinho.
 E também me desculpei com os outros mortos pela invasão, na esperança de todos estarem na luz e nenhum querer puxar meu pé à noite.
E pra pular de volta? O lado de dentro era muito mais baixo, eu não alcançava. Quase chorando e Dê quase pulando para me resgatar, pensei:
- Os filmes e desenhos japoneses devem servir para alguma coisa.
E corri muro acima e me agarrei quando cheguei ao topo, lançando meus dois braços com tudo! Fiquei com duas manchas roxas de respeito perto das axilas, ainda bem que era inverno.
E pulei de volta!!!! Palmas para mim!
E na descida havia um cachorro... Havia um cachorro na descida...
E ainda bem que para baixo todo santo ajuda.

E hoje não tem foto. Meu marido até tirou uma, no momento em que eu estava ajoelhada no túmulo da minha avó, mas achei meio tétrico.

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