quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Tendo um dia de noiva

(Neumann)

Aqueles momentos de espera dentro do carro são as lembranças de uma das minhas esperas mais doces... Meu Deus, como eu estava feliz naquele carro...
Um calor!
Mas uma felicidade!
Lembro que eu queria que meu irmão saísse logo do carro, lembro que a Gabi me trouxe água mineral de copinho e eu furei a tampa com o dedo. Lembro que ela me trouxe o condicionador de lábios pensando que era batom, mas que eu passei assim mesmo. Lembro do pai da minha daminha de Minas acenando pra mim e logo tantos parentes do Dê, todos acenando pra mim. Eu que sempre via as pessoas arrumadas para um casamento, até eu mesma, agora aquele casamento para onde estavam indo todos era o meu. Gente, era o meu... A decoração das flores eram minhas, aquilo tudo era para mim e pro Dê... Eu era a noiva que esperava na porta, como tantas vezes vi... Eu era aquela que faz todos se ajeitarem nos bancos quando alguém diz "A noiva chegou". Aquelas pessoas estavam ali pela gente... Nem sei dizer o que senti. Só sei que é algo que não vai acontecer nunca mais.
Vi uma van estacionar e dela saindo uma madrinha (minha prima) atrasada com o marido e mais um monte de gente correndo. E ali a explicação por eu não poder entrar ainda.
Lembro do meu pai no alto da escadaria da igreja e quase, por muito pouco, não comecei a chorar. Ele estava ali, meu pai. Que quase o perdi por duas vezes e que quase não veio ao meu casamento. Como eu segurei o choro quando disse "Obrigada, Deus!" Como ele estava bonito... Mas reparei que o terno dele havia sido alugado em uma loja ruim... Meu sogro apareceu ao lado dele e fiquei feliz porque havia conseguido se arrumar e estava todo elegante no terno novo.
O motorista puxou o carro e meu irmãozinho saiu.
Vi minha mãe nas escadarias olhando para mim com cara de apaixonada...
Vi minha afilhada e amigos no alto da escada da igreja. Achei o vestido dela muito "verão" para o momento e reparei que eles não entraram, é que o cortejo já estava sendo formado e eles chegaram atrasados. Fiquei gritando piadas para elas de dentro do carro, principalmente quando vi que só tinha 1 padre.
_Ainda bem que chamei dois! - ri
É, um deles passou correndo para ir embora... O casamento atrasou e ele ainda tinha que celebra outro em Caxias... Depois fiquei sabendo que nem nesse ele conseguiu chegar por conta de um engarrafamento na serra.
Minha chefe chegou e foi falar comigo no carro, disse pra ela que fiz minha maquiagem
_Arrasou! Mas heim..., _ e ela desviou o assunto (porque ela não conseguia não ser o centro das atenções nunca) para falar do marido que estava levando o carro para o conserto, por isso ela atrasou, mas logo se afastou porque o motorista estava puxando o carro para eu poder sair.
O cortejo se formou e um a um eu vi entrando na fila, enquanto que as músicas que escolhemos para cada um daqueles momentos começava a tocar. Uma pena que não vi o meu irmão entrar...
Lembro de quando vi o Dê. O amei muito ali e acho até que eu ia chorar. Ele não me viu. Estava nervoso de braços dados com os pais e entrou rápido, parou, falou algo para os pais e depois continuou mais devagar, como tinha que ser.
 E minhas damas adultas! Como a música ficou perfeita! Pareciam fadas. Vi minhas daminhas, lindas... com seus vestidinhos de bailarina causando inveja. E então a porta, aquela gigante, se fechou e eu soube que era a minha hora.

Vi meus pais descendo as escadas e indo até o carro.
A Vívian estava à porta, sorrindo. Escorreguei nervosa pelo banco e eu ia sair rápido quando ela disse, sorrindo, me regendo, para eu fazer tudo com calma, cada coisa de uma vez. Aí entendi, eram as fotos! Pus um pé de cada vez para fora e ela reparou nos meus sapatos
_Uau!
_Inspirados num Manolo B, tá? _rimos
Até que a Vívian deu espaço quando viu que eu não iria me enrolar no vestido e meus pais, minha mãe do lado direito e meu pai do esquerdo, me beijaram.
 E, como num parto, me conduziram para fora do carro.
Subi uns degraus da igreja sozinha, para fotos e ri a cada degrau que eu não tropeçava.
Na porta da igreja, eu pedi para meu pai, toda emocionada, descer meu véu. Dei um braço para cada um e suspirei. Vi a fresta da porta aberta e lá dentro meus amigos e família sorrindo para mim.
Como numa estreia, as cortinas se abrem e o show começa, as portas se abriram e minha vida começou.


Um comentário:

  1. Oi Natália...

    Nossa! Você passa tanta singeleza nesse post que até me emocionou rsrs

    Só posso pedir ao Papai do Céu que a abençoe com a graça da felicidade por todos os seus dias.
    Bjs e obrigada pela presença no profetizando.

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