sábado, 23 de abril de 2011

Comunicando ao meu pai que vou casar

Acho que foi em outubro ou no início de novembro do ano passado, não sei bem, que subi a serra com meu irmão e minha cunhada, agora para Teresópolis, para visitar meu pai. Denis não foi, acho que estava trabalhando ou em reunião (só sobra os domingos para ele trabalhar em projetos da 3T e da Novo Formato, empresas dele -- merchan hehehehe).

Não sei se vocês sabem, mas os pais da noiva que vos fala são separados. Uma separação digna de novela de tão punk que foi, um dia escrevo um livro sobre isso. Resumidamente, ele se casou com uma das melhores amigas de minha mãe. Disso tudo vieram coisas boas, como sempre... Ju e Mari, filhas dela de outro casamento, que hoje são minhas irmãs, Isabela, minha sobrinha linda filha de Sandro, irmão (também filho de minha madrastra) que nos precede no paraíso desde 2008, vítima de um câncer. Mari será uma de minhas madrinhas de casamento. E ainda tem o Erick, caçula, adotado (looooonga história) que será meu pajem.
Cresci não contando com meu pai, não esperando coisa alguma dele, para não me decepcionar. Não que estivesse com qualquer tipo de rancor, pelo contrário, com essa história toda aprendi o verdadeiro sentido do perdão e aprendi a amar meu pai do jeito como ele é. Não tenho armas ou guarda em relação a ele, o amo de um jeito que permito que ele faça tudo de novo. Qualquer coisa que venha dele para mim é lucro, sem obrigação alguma dele cuidar de mim ou de me dar amor por ser meu pai. Mas como disse, não espero e nunca esperei nada dele.
Nos meus quinze anos ele foi na missa e se sentou no último banco da igreja. No dia da festa, me entregou um par de brincos de pérolas com ouro na porta da minha casa na hora que eu estava me arrumando. Todas as vezes que me acidentei gravemente ou quando meus avós maternos faleceram (e eles o amavam como filho) ele só me ligou. Mesmo indignas de um pai, essas pequenas atitudes me deixaram feliz e completa, porque eu sabia que era isso que ele podia me dar. Qualquer pouquinho vindo dele para mim é especial, não são migalhas, são pedaços de diamantes lapidados com muito esforço, porque eu sei o pai que tenho e sei ser filha dele. Sei o tamanho do amor dele, porque das duas vezes que ele quase morreu lutou pela vida por causa de seus filhos.

Talvez por isso contar para ele que eu vou me casar tenha sido tão difícil.

Passei o dia nervosa, pensando num texto, esperando uma oportunidade. Não tinha ainda nem a aliança no dedo como desculpa e nem estava lá com Denis, acho que o casal contanto para os pais que decidiram se casar é coisa mais fácil. Eu estava sozinha nisso. E de certa forma queria estar.
Em junho passado mostrara a aliança de compromisso para ele, sentados na soleira da porta de sua casa, e ele disse:
_Iiiiiiihh!!! Caramba! Já? _como assim, "Já?", são 10 anos de namoro!
_Calma, pai. É só a aliança de compromisso, mas vamos nos casar sim. Em breve...
Dessa vez não tinha nada pra mostrar, como eu ia tocar no assunto?
Meus irmão jogavam playstation na sala da tv, eu deitei no sofá da sala da lareira para ler (na verdade é tudo a mesma sala, mas com ambientes, móveis e níveis do piso diferentes) e meu pai sentou na cadeira-do-papai na minha frente. Era a hora.
_Pai, vou me casar.
Vi os olhos de meu pai brilhando e se enchendo de lágrimas, abriu um sorriso nervoso por não saber o que dizer ou fazer. Acho que ele percebeu o meu nervosismo. Ele agora era o pai da noiva. E eu não esperava que ele fosse incorporar esse papel tão rápido e com tanto entusiasmo! Danou a me perguntar sobre tudo, desde a minha escolha pelo Denis até se haveria torre de chocolates! Esse momento só não foi mais perfeito e nosso porque minha cunhada se juntou a nós e meus irmãos ouviam tudo (acho que o caçula estava mais interessado no jogo mesmo). Papai foi me sugerindo um monte de coisas, quis saber sobre o bolo, perguntou da bebida da festa... Como um dos meus assuntos preferidos é casamento (e o meu!), ficamos conversando um tempão (!), mas longe de mim pedir qualquer coisa pra ele.
_Mas filha, a bebida não está incluída no buffet?
_Em parte sim, mas só cerveja, água e refrigerante.
_Qual cerveja?
_Acho que é Skol.
_Ah, tá bom. Mas não tem wisky, vinho...? Vai estar frio...
_Não, não.
_E vai ter bar com caipirinha?
_Não sei, acho que não. Denis é de uma confraria de cerveja.... Se a gente fizer um bar será para servir outros tipos de cerveja.
_Sei... Mas tem como comprar outras bebidas e os garçons servirem, então?
_Tem, tem sim. A gente foi num evento em junho que tinha um fornecedor de bebidas, as vendia por consiguinação e as levava geladinhas e tal pra festa. Só escolher o tipo que eles levam a quantidade certa e já prontinhas.
_Que legal! E eles têm o que?
_Acho que tudo. Dê ficou vendo essa parte.
_Você disse que vai servir massa. Então, serve um vinho junto... E espumante a festa toda, nada de ser só na hora do brinde ou quando servir o bolo. É sua festa de casamento.
_Mas pai, espumante a festa toda fica caro...
_E põe também wisky na lista. Eu te dou a bebida. Pode deixar que papai paga.
Fiquei com vontade de gritar de alegria! Mas disse um "Ah pai, obrigada" emocionado.

Mas ainda faltava uma coisa... Dias antes minha mãe estava me enchendo a cabeça, dizendo que eu tinha que conversar com meu pai sobre meu casamento e também sobre os gastos, afinal eu também era filha dele e não era justo que ela arcasse com as despesas da festa sozinha (lembrando: ela disse quando comecei a ver as coisas "A mãe da noiva paga a festa"). Só que eu nunca pedi nada pra ele e não queria pedir agora. Quando contei pra ela, toda feliz, que ele havia se oferecido pra pagar a bebida, ela disse que ele não fazia mais que sua obrigação como pai. E dias depois, a cobrança por eu conversar sobre os gastos com ele continuou:
_Você quer que eu fale com ele?
_Quero... _eu disse encabulada.
Liguei pra ele: _Pai, minha mãe quer falar com você...
Detalhe: eles nunca se falam.
_Oi tudo bom? Então, nossa filha vai casar e a gente precisa conversar sobre isso.
Acho que ele ficou sem jeito pra caramba...
Sei que antes do natal fomos pra casa dele de novo e antes de irmos embora (também fiquei ensaiando isso o dia todo), eu disse:
_Pai, minha mãe quer falar com você sobre meu casamento....
Pra meu alívio, meu irmão me interrompeu, dizendo que já havia conversado sobre isso com ele, quando eu saíra de tarde com minha madrasta para comprar roupa, e que contava no carro. Meu pai, sem jeito, disse que me ajudava e que meu irmão conversaria comigo.
No carro (dessa vez fomos pra Terê só nós dois) ele me contou que papai não podia se encontrar com minha mãe, mesmo que pra conversar sobre mim, senão ele poderia ter problemas com a esposa e que, depois de tantas coisas que passaram, não podia se aborrecer por causa de sua saúde, criar problemas e tal, mas que não tinha cabimento minha mãe conversar comigo sobre gastos, que eu não tinha que ficar sem jeito já que ele era meu pai e que não fugiria de suas responsabilidades, que me ajudaria no que pudesse.
Ou seja, meu pai estava se prontificando a me ajudar. Só que na cabeça da minha mãe, se negar a conversar com ela era igual a se negar a ajudá-la a pagar o meu casamento.
Isso deu pano pra manga... Que culminou em algo desagradável no natal (que depois eu conto).

Um comentário:

  1. menina... que história ein!!! Sabe que te encontrei graças a uma procura no google justamente para saber como pedir ajuda do meu pai no casamento.
    Vou continuar te acompanhando aqui...
    se quizer acompanhar minha história tmb fique a vontade www.amandosernoiva.blogspot.com

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